Homens controladores e que não entregam o coração -- o traço Psicopata

Se você tiver curiosidade sobre a teoria por trás, tem muito material no YouTube e no Instagram, basta pesquisar O Corpo Explica - OCE. Esse é o curso que estou fazendo e que vou me formar em análise corporal.

Para não ter uma introdução longa demais, vou falar o seguinte: sabe o cara de olhar penetrante, sorriso torto charmoso ou que fala abrindo mais um lado da boca, muito envolvente, articulado, de queixo pontudo como se o rosto fosse um triângulo invertido, com ombros largos em relação ao quadril, pernas finas, sensação de que é alguém perigoso e excitante, que você não sabe se vai te beijar ou ser sarcástico ou rude? -- Não precisa ter todas essas características, podem ser só algumas. Esse cara tem uma porcentagem maior ou menor do caráter Psicopata, que não é a mesma coisa que Transtorno de Psicopatia. Esses nomes são apenas uma homenagem aos pioneiros em sistematizar o conhecimento sobre a análise corporal, o Reich e o Lowen.

O Psicopata é um homem muito sagaz e articulador, que não entrega o coração e considera essencial sempre se sentir no controle.

Quem tem alto grau de Psicopatia não é necessariamente uma pessoa ruim. Todos os traços de personalidade têm pontos positivos e negativos, a pessoa pode estar na dor ou no recurso. O Psicopata na dor pode ser uma pessoa imoral, manipuladora. No recurso é alguém que executa tarefas que os outros achariam muito difíceis, como costurar um tratado capaz de por fim a uma guerra. O Psicopata no recurso sempre faz acordos justos, enquanto há outros traços que acham natural só pedir e receber.

O Psicopata é muito prático, pragmático, frio e está sempre analisando se a balança está justa -- aos olhos dele, e de preferência que ele esteja em vantagem, com as pessoas devendo pra ele. Um dos maiores terrores do Psicopata é não ter certeza de quanto custa, do que será cobrado dele, se ele está adquirindo alguma dívida. É algo bem interessante... entre os cinco traços de personalidade, há quatro traços "de adulto", e só um  "de criança", que é a Oralidade. A Oralidade é a fofura, a intensidade de sentimentos, o traço que gosta de comer, de falar, de pedir e dar carinho, que é pura emoção e pouca razão, e muitas pessoas sufocam esse traço porque acham que agora que são adultos não podem mais ser assim. Deve ser o traço mais comum de ser deixado na jaula, é o meu caso e de muita gente.

O Psicopata poderia ser visto como o fodão. Mas nesse aspecto ele é fraco comparado ao Oral. O Oral pode pedir, receber, e não se sentir em dívida. Eu quero, eu peço, eu recebo, e tudo bem -- com a espontaneidade, leveza e alegria das crianças. O Psicopata é tão manipulador, articulado, mas poda a própria felicidade muitas vezes porque apavorou pela sensação de que não sabe quanto vai custar, o que será pedido dele. Pela incapacidade de ter a leveza de uma criança, de dar uma resposta que um Oral daria "não te devo nada, você deu porque quis".

Já o Psicopata é manipulador, mas na mesma medida que é manipulador, ele acredita em um mundo cheio de teias, trocas, regras, obrigações. Uma estrutura mental que se origina na dor da infância: faça uma gracinha pra mim, que eu te dou carinho e atenção. Se você não fizer nada, não ganha nada.

Na época eu não tinha esses conhecimentos do OCE, mas agora olhando pra trás vejo que gostei de vários homens que tinham um grau considerável de Psicopatia, e alguns deles terminaram comigo. Não tenho certeza dos motivos, mas vou expor minhas suposições:

  1. O Psicopata precisa se sentir sempre no controle da situação.

  2. Eu apaixonada me entrego muito, e durante um tempo o homem pode entrar na onda e querer viver assim também, nessa mesma sintonia.

  3. Até que chega um dia que ele percebe que não está mais no controle total da situação. Que está gostando de mim mais do que devia, que eu importo mais do que seria o razoável.

Tive um Psicopata que terminou comigo porque depois que a gente transou e passou um fim de semana em que nos despedimos num clima super romântico, ele descobriu que sentia saudades de mim. Saudades. Deus me livre, certo? Ele passou a me evitar, até que um dia eu consegui colocá-lo contra a parede, perguntar o que raios estava acontecendo, e ele me falou "estou de saco cheio dos sentimentos".

Tinha um outro com quem eu saía às vezes e um dia inventou uma briga sem sentido, um assunto idiota para discursar em público na frente dos meus amigos e falar do quanto eu estava sendo uma pessoa ruim com ele. Falou, falou, até me fazer chorar. Hoje entendo que também foi uma forma de gritar "estou de saco cheio de gostar de você".

Tive um que era super disciplinado, e uma vez quebrou o próprio código de regras para passar uma madrugada brigando comigo -- por ciúme. E era um que achava que não tinha ciúme de ninguém, que falava muito da importância da liberdade. Depois dessa noite ele me jogou no lixo, sofri muito até entender, ou inventar essa explicação pra mim, de que se ver em uma situação em que ele não estava no controle total, em que ele fez o que não queria, sentiu o que achava que nunca sentiria, que isso foi demais pra ele.

Meus professores dizem que o traço Psicopata não tem sentimentos. Talvez seja isso mesmo, mas o fato é que todas as pessoas são uma mistura dos cinco traços. O traço Psicopata pode não ter sentimentos, mas não existe pessoa sem sentimentos, todos têm, e uma pessoa nunca consegue ser 100% apenas um dos  traços.

O que imagino que aconteceu nas minhas relações é que a interação comigo foi fazendo a pessoa se abrir, confiar, se conectar mais com seus sentimentos.E isso apavora o Psicopata. Porque sentimentos não são manipuláveis, previsíveis. Para usar as palavras de um dos meus Psicopatas "você é irritante. É como uma ferida na boca que eu não consigo ignorar".

Acho que este é um bom exemplo. Para uma pessoa controladora, estar se apaixonando por alguém não é uma nuvem fofa deliciosa de prazer, é uma ferida na boca que irrita. No mundo ideal do Psicopata, ele tem controle sobre tudo. Agora é hora de estudar, agora é hora de trabalhar, agora é hora de me divertir com meus amigos. Eu verei a fulana no sábado.

Tudo bem planejado, agenda perfeita.

Mas o que você faz com a porra da saudade? E quando você está tentando estudar ou trabalhar e bate aquela vontade louca de falar com a pessoa, de ver a pessoa? E se de repente ela não puder te ver? Ou então, você está ficando com ela, mas deixou claro que é relação aberta, somos todos adultos bem resolvidos, a gente se gosta, mas vamos sair com outras pessoas, além de você estou saindo com a Jana, a Cris, a Isis, e é claro que você pode sair com quem quiser. Daí você vê uma foto no Instagram dela com outro cara, e seu sangue ferrrve.

Porra, caralho, putaqueopariu! Ciúme? Ridículo, eu não sei o que é ciúme, eu sou o senhor do castelo, eu mando nessa porra toda e controlo tudo.

Dá pra ter controle de muita coisa. Mas não de sentimentos, certo?

E se você não pode controlar os sentimentos, pelo menos tem uma coisa que você pode controlar: jogue fora a mulher que fode sua agenda perfeita.

Essa é a minha hipótese de por que fui jogada no lixo algumas vezes, e ouço histórias parecidas.

Além da dor do Psicopata, assumo 100% de responsabilidade das minhas questões do subconsciente que atraíram um homem tão cagão, e num outro post falo mais disso -- desculpem pelo excesso de palavrões neste post, mas confesso que ele me conecta com a raiva de saber que o cara está rompendo comigo não por que não gosta mais de mim, mas porque descobriu que gosta muito e cada vez mais e que isso é inadmissível.

E as histórias que já ouvi são bem parecidas: o rompimento não vem depois de um monte de brigas, de afastamento, de sentir que vocês estão se afastando e não combinam mais. Num dia era "nossa, que delícia estar com você", "você é a pessoa que mais sabe de mim", "nunca confiei tanto em alguém", "eu adoro ficar com você", até mesmo coisas como "não se esqueça que eu te amo pra sempre". E uns dias depois é o fim. É enlouquecedor.

Alguém pode dizer que estou me achando demais, que os caras não gostavam tanto assim de mim, só cansaram. Tudo bem, você pode acreditar no que quiser.

Mas eu sei quem sou. Eu sei o quanto eu sou bonita, interessante, instigante, delícia, o quanto eu faço gostoso, como falo de coisas tão fascinantes, como eu tenho um olhar de raio-x, o quanto sou inteligente e sagaz. Tenho o histórico, com o tal padrão de num dia me adora, no outro dia rompe comigo. E as várias histórias que já ouvi, de mulheres que me procuraram arrasadas, despedaçadas, era a mesma coisa. Quando um cara termina com você e você sabe que a relação estava ruim, pode ser triste, mas faz sentido, não te destrói. Mas quando vai do "eu nunca gostei tanto de alguém" pro "estou terminando, boa sorte na sua vida".

Bom, eu sei como dói.

A gente nunca vai ter certeza dos motivos, mas já que não tem como ter certeza, se aconteceu com você, sugiro ficar com essa minha explicação: o filhodaputa se apavorou ao descobrir que estava gostando muito de você, você se tornou a ferida na boca, você fodeu a agenda perfeita dele, e o cagão concluiu que a única ação possível era romper com você.

Estou falando de homens, mas o mesmo vale para mulheres com o traço Psicopata. Você pode ter sido um homem que foi jogado no lixo por uma mulher que se apavorou por perceber que gostava de você mais do que o protocolo permitia.

E se você for o Psicopata lendo este texto, eu sei como você é fodão, e te lanço esse desafio: seja forte o suficiente, corajoso o suficiente para lidar com um bicho que não é domesticável. Seja forte o suficiente para ser capaz de se apaixonar e aceitar que você não terá mais a agenda perfeita, que haverá momentos de dúvida, angústia, dor. Mas ter que lidar com os sentimentos vai te oferecer tesouros e prazeres que nenhuma outra situação pode te dar.

Ouse se apaixonar e não ter mais o controle de tudo.

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