"Estou tentando abrir meu coração mas as pessoas não me entendem"

Li uma variação dessa frase hoje, vindo de uma mulher incrível, forte, poderosa, com quem tive várias conversas. Ela não falou exatamente isso, mas sei que é uma visão comum... Como não tem nada para prejudicar a privacidade, vou aproveitar o gancho ou a inspiração para falar do tema, com toda desenvoltura de quem pode ser sarcástica no assunto, porque posso falar mal de mim. Eu sou a pessoa que tem dificuldade para abaixar as armaduras e se mostrar vulnerável. Talvez algumas frases saiam ácidas, mas espero que seja lido como um diálogo comigo. Se tiver algo útil pra você, você toma, o resto é meu mesmo.

Será que é verdade que a gente tenta abrir o coração mas as pessoas não nos entendem? Esse é um ponto de vista, uma forma de ver a situação.Mas como seria pensar "Estou tentando abrir o coração, ser mais vulnerável, mas ainda não encontrei a forma certa de fazer"?

A situação é igual: não estamos conseguindo a conexão. Mas sabe qual a diferença entre os dois tipos de pensamento? Quando a gente assume 100% de responsabilidade, você toma o poder pra você.

O 100% de responsabilidade da parte que te cabe não tem o objetivo de apontar culpados, de fazer você se sentir mal com algo, e sim criar uma estrutura mental em que você se sente empoderada para mudar sua vida.

"Bend reality", digite no Google, haverá cada vez mais textos sobre a magia de você alterar a realidade com o poder dos seus pensamentos, sentimentos, inclusive artigo da Scientific American https://www.scientificamerican.com/article/how-the-power-of-expectations-can-allow-you-to-bend-reality/

  1. "As pessoas não me entendem" você é vítima passiva.
  2. "Ainda não aprendi como fazer" o poder é seu.

Não tenho a fórmula de como abrir o coração, como se tornar vulnerável :( mas além da dica de assumir o seu poder, o seu 100% de responsabilidade, eu tenho algumas pistas de ações que pelo menos aumentam as chances de conexão.

Eu tenho tanta dificuldade em me abrir, em me vulnerabilizar, que (1) no geral não me abro nem para os meus terapeutas, (2) na maior parte das vezes só me permito chorar se estiver sozinha, senão eu facilmente controlo as lágrimas, endureço o rosto ou me conecto com o humor e chuto aquela dor para o fundo do subconsciente de novo.  

Por causa disso, eu sei que um dos truques é ser capaz de chorar. Tinha um terapeuta meu que só não me xingava quando eu chorava durante a sessão, senão ele dizia, com razão, que eu não estava realmente me abrindo. 

Nesses momentos em que você acha que está abrindo o coração, você tem chorado? Porque eu acho que o mais provável é que você não esteja chorando, e que provavelmente você não está sendo realmente vulnerável, e sim no controle. Não é que para ser vulnerável é preciso chorar, mas acho que gente como nós, com esse grau de Psicopatia, histórico de abusos diversos, a máscara e a armadura são muito fortes. Se não estivermos chorando pesado, provavelmente ainda tem barreiras, não estamos abrindo o coração.

Eu sempre falo da lista de qualidades, porque no geral as pessoas estão com a autoestima destruída e essa é a ação mais importante. Mas a lista de defeitos também é importante ter decor.

Por exemplo, em muitos momentos eu tenho cara e esse tom de discurso, de quem sabe tudo. No mínimo bem orgulhosa, correndo o risco de parecer arrogante e esnobe. Não é o tempo todo, tanto que muita gente inclusive desconhecidos me pedem ajuda. Acho que consigo parecer neutra em muitos momentos, mas quando abro a boca pra falar, ainda que eu fique tentando colocar os disclaimers de "esse é só meu ponto de vista", eu tenho consciência de que ao longo do texto ou da fala vou escorregar no tomate várias vezes e vai aparecer a parcela de mim que se acha certa, evoluída, madura, dona da verdade até.

  • Meu racional diz pra eu baixar a bola e entender que existem muitos caminhos e que o meu é apenas um deles.
  • Meu subconsciente me acha muito esperta, evoluída, superior, e que o meu caminho é obviamente o melhor. Com certeza não o único, mas o melhor :(

Não importam os disclaimers, as pessoas sentem nosso subconsciente. Se as pessoas não estão se conectando, acredite, eu mereço.

Eu tenho um tom professoral no discurso, de quem sabe algo e pode ensinar. Estou um pouco mais conformada porque finalmente entendi essa história do Lobo ser o professor, depois conto mais sobre o que andei aprendendo sobre meu animal de poder. Mas o fato é que a maioria das pessoas só se interessa em receber aulas em momentos específicos, se ela está buscando algo. Se não estiver, será apenas chato, pesado, estranho, intenso demais, esquisito.E lembrando que nos momentos em que estamos no tom professoral, não estamos realmente nos conectando e nos mostrando vulneráveis. Estamos no papel de professor.

A dica que eu queria dar sobre esse ponto é que, sabendo de cor seus principais defeitos, se você mesma for capaz de citá-los e rir deles, isso abre um portão, cria uma ponte.

Pense em algum conhecido seu que tem um ar arrogante e sabichão. Como seria se um dia esse amigo viesse te pedir opinião sobre alguma coisa, e em vez do discurso de quem sabe tudo, ele começasse pedindo desculpas "eu sei que tenho essa pose de quem é dono da verdade, de quem sabe tudo, mas estou tentando mudar, me desculpe. Hoje eu queria sinceramente saber o que você pensa de tal coisa, ou queria sua ajuda para X, você poderia me ajudar?".

Nós realmente somos muito eficientes e espertos. Mas isso não nos dá o direito de atropelar as pessoas.

No meu grupo do curso de Xamanismo tenho conversado com uma mulher maravilhosa, que se mostrou muito aberta e vulnerável, franca e aberta para falar dos problemas dela. É uma linda capaz de me ligar e dizer "se você achava que eu tinha algo pra falar, não tenho não, só estava com saudade e queria ver sua carinha". Ela é linda assim.Tem sido um prazer conversar com ela, e essa conversa começou porque ela se vulnerabilizou de verdade, escreveu um texto falando sobre ela, os seus problemas, suas buscas. 

Eu já escrevi vários textos grandes no grupo, mas ninguém me responde e é merecido, porque ainda que eu faça perguntas, eu não estou pedido ajuda, fica óbvio.

E suponho que o mesmo esteja acontecendo com você. Se você está falando com as pessoas, achando que está abrindo o coração, e não tem resultado, pergunte-se se você estava realmente se abrindo, se você realmente se tornou vulnerável e pediu ajuda, ou se no fundo achava que já tinha a resposta, ou que o outro não poderia ajudar, ou que seria muito difícil o outro ter uma opinião melhor do que a sua.

Hoje eu tive Silvana, mais uma sessão maravilhosa como sempre, e uma das dicas foi meu guia falando que sou muito assustadora para a minha Chama com essa pose de mulher que não tem insegurança nenhuma, que não tem medo de nada, que sabe de tudo e não precisa de ajuda. Racionalmente eu sei que não quero mais ser mulher guerreira, mas meu subconsciente ainda luta para ter momentos de "Eu não sei, você pode me ajudar?"

Querida irmã forte e poderosa. Eu acho que enquanto a gente não tiver genuinamente o sentimento de "eu não sei como fazer isso, eu não tenho a resposta, eu preciso de ajuda" -- no fundo, não importam as palavras, não estamos abrindo o coração. E falo isso com a humildade de quem também tem buscado formas de se vulnerabilizar. 

Pretendo escrever mais sobre o tema, do que tenho pensado de estratégias, mas por enquanto, se você conseguir assumir a estrutura mental de que você é que ainda não encontrou o jeito certo, em vez de "as pessoas não me entendem", você mantém o poder de melhorar sua vida. 

Um beijo com muito carinho.

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Fonte da imagem: https://www.incplan.net/blog/entrepreneurial-profiles-advice/business-advice-worlds-powerful-women/

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