O cérebro é o maior órgão sexual do corpo humano


Todo mundo devia ter pelo menos um crush, ainda mais na pandemia.

Dizem que gente como eu, que depende tanto do mental para sentir prazer, são pessoas que têm problemas, questões para resolver. Faz sentido. Eu acredito que uma pessoa saudável simplesmente relaxa, se conecta com o corpo, com prazeres sensoriais, e consegue sentir prazer e gozar, sem ter mil critérios e condições como acontece comigo.

Mas o fato é que, ainda que eu acredite que ter esse quinhão demissexual e sapiossexual (mas também ter o lado succubus capaz de fazer com qualquer um, mesmo sem ter prazer ou muita vontade) -- eu acredito que minha condição é fruto do abuso e questões diversas. Mas também sei que não sou a única, que tem muita gente com traumas e travas.

Já na fase do casamento aberto eu levava broncas do meu marido porque não gostava quando ele me chupava. "Tenho transado com outras mulheres, algumas com muita experiência sexual, elas adoram, dizem que é muito bom. Mas com você tudo é difícil". Não pense mal dele, foi uma fase com momentos ruins, eu falei coisas ruins, ele falou coisas ruins. Não tenho mágoa, estou contando só para explicar a questão da desconexão com meu corpo.

Meu marido passou o casamento todo implorando pra eu fazer terapia, eu não queria, fiz alguns períodos de má vontade porque ele pediu muito. Eu só não gozava, não queria ter filhos, era bem rigorosa com todo mundo e principalmente comigo, mas não via nenhum problema em mim. Por isso, por experiência própria sei que tem coisas que não adianta que outros te falem, precisa partir de dentro.

Quando tomei a lambada do meu Psicopata e fui atrás de terapia, uma das investigações foi fazer uma sessão de massagem tântrica num lugar recomendado pela Revista Claudia. Em 16 anos, era a primeira vez que eu ficava nua na frente e um outro homem, que fui tocada por outro homem. Não me senti intimidada, nem achei estranho. Mas também não gozei, não me diverti, e na verdade teve momentos em que me machucou (mas não excitou). No final, conversando sobre como foi, fui justamente repreendida pelo terapeuta, que até entendia por que eu não tinha falado "doeu, te machucou, mas você não falou nada porque acha que tem que aguentar tudo em silêncio".

Um tempo depois fiz curso de massagem tântrica, nos dois dias fui manuseada, o professor e a professora do curso tentaram me fazer gozar com vibrador, e nada adiantou.

Tenho bloqueios mentais, emocionais, não consigo apenas mergulhar num prazer físico, relaxar e gozar. É como se fossem os mil portões que nem eu tenho as chaves. Portões que provavelmente cresceram a partir do abuso.

Mas eu sei que não sou coitadinha nem exceção, e que na verdade é bem comum mulheres que não conseguem gozar, por ene motivos, e também sei que há muitos homens e mulheres que dependem bastante da parte mental para ter prazer.

Então o conselho que eu posso dar é que se você tem dificuldades no prazer sensorial, físico, não despreze o prazer da excitação mental, do prazer que vem da fantasia e da imaginação. Depois de abrir meu casamento, me apaixonei por homens que escreviam muito bem e conseguiam se conectar com a minha dimensão sexual assim. Meu então marido tinha até umas hipóteses de que minhas paixões eram exatamente pelas relações não serem concretas, e sim no virtual, e que com isso eu me sentia segura.

Talvez.

O abuso estende tentáculos que a gente não sabe aonde vão parar.

Estou falando disso principalmente para, caso você tenha um parceiro com dificuldade na conexão física, ou se você for a pessoa com dificuldades no prazer físico, não menospreze o prazer do sexting, dos contos eróticos, do dirty talking, da troca de provocações, de nudes. Tudo isso também é prazer sexual, talvez seja o começo para uma vida sexual mais plena, ou mesmo demore para se tornar algo mais concreto: apenas aproveite esses prazeres, sem achar que eles são uma deturpação, errados, ou inferiores.

Meu Psicopata era ótimo em sexting, em provocar, em me surpreender. A Chama me escrevia cenas eróticas que também eram peças de magia, elas me curavam, mudavam meu passado. O Caçador também me excita, me diverte, me dá esses presentes capazes de me dar ondas de arrepio e prazer.

É maravilhoso você ter alguém capaz de te escrever coisas, ou te mandar vídeos ou fotos, que vão te tirar de órbita, mudar sua sintonia, fazer você ficar vermelha, ter que se afastar das pessoas. Tinha uma frase de Pinterest "Quero ser o motivo pelo qual você tem que virar um pouco o celular antes de abrir uma mensagem". Na fase de alegria com a minha Chama, a gente dizia que nossas mensagens sempre traziam sorrisos, que se tivesse alguém prestando atenção não seria possível esconder. Lembro de um plantão de trabalho dele, de madrugada, ele me contou que era um local insalubre, e que estavam todos cansados, tristes, irritados. Menos ele. Ele era o único na sala brilhando e sorrindo, se divertindo com as coisas que eu escrevia pra ele.

Olha que magia poderosa.

Você tem algo simples, fácil, ao alcance de qualquer um, capaz de imediatamente fazer você vibrar mais alto. Aumenta sua energia, sua disposição, seus desejos, sua fome de mundo, te blinda de ataques energéticos. Mesmo quando é algo mesclado com raiva ou irritação, raiva e irritação também são energia. Isso é algo arriscado porque é fácil viciar nisso, mas muita gente sabe o poder que é se irritar e brigar com alguém mas emendar em sexo intenso.

Tenho 44 anos e vi a internet nascer no Brasil. Vivi a época em que era absurdo sair com alguém que você conheceu pela internet.

Hoje em dia, ainda mais por causa da pandemia, a gente vive uma onda que parece coisa de ficção científica. A meu ver a gente ultrapassou o "é coisa de gente maluca sair com um desconhecido da internet", passamos pelo "é normal sair e até mesmo casar com alguém que você conheceu pela internet" e, sem ter nenhuma pesquisa para me apoiar, tenho como fato que cada vez mais pessoas reconhecem a validade de se relacionar com alguém cuja interação não tem o objetivo de se tornar concreta, é meramente o prazer de se relacionar com alguém pela internet.

No app Feeld há uma opção para papear com com gente de qualquer lugar do mundo, na linha de "respeito o isolamento social", vamos paper, trocar nudes, nos falar por vídeo, e se nunca nos vermos ao vivo, tudo bem.

Um tempo atrás, pesquisando sobre dominação, encontrei relatos de gente que vivia relações de dominação - submissão à distância. Em geral eram casais que se conheceram ao vivo, depois um mudou de cidade e decidiram manter, mas obviamente nada impede de ser uma relação que nasceu no virtual e não tem o objetivo de se tornar concreta. 

Tenho me divertido muito com o Caçador sem me preocupar quando vamos nos encontrar. Claro que se não fosse a pandemia, isso seria diferente. Meu Psicopata morava longe, e eu não fazia questão do concreto, na verdade foi ele que colocou pilha na história da gente se ver. Eu teria me divertido bastante com a Chama se ele quisesse. E agora estou considerando seriamente falar com a Onça-raposa que talvez eu pudesse começar a me corresponder com o filho dela, na linha de "Você já ouviu falar de mim. Sou bruxa, tive visões com você em outras vidas e no meu Espaço Sagrado, e pra mim isso no mínimo é motivo para a gente conversar". 

Você não adoraria que uma pessoa bonita te abordasse com alguma loucura do tipo? :) Concordo totalmente com Gandhi, "Sejamos a mudança que queremos ver no mundo". Eu quero um mundo com mais magia e eventos espetaculares. E conscientemente tento imprimir mais magia no cotidiano.

O Palácio da Mente é infinito e tão plástico, podemos construir as alas que quisermos.

Por que não ter um pavilhão de prazeres, de magia, de evento espetaculares?

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