Quem é Kalista Heart?
Perguntei pra ela se eu era branca ou negra. Digamos o seguinte: os rituais têm músicas de tambor, é natural que as pessoas vejam fogueiras, danças, às vezes florestas. Mas quando você vê pessoas negras dançando ou tocando, não é a coisa mais lógica projetar uma cena em que eu estou lá, branquela, no meio de negros.
Mas foi o que ela viu.
Foi algo que uma outra amiga sensitiva viu.
É algo que eu já vi.
Então ou é uma vida passada, ou algo bem intenso no inconsciente coletivo.
A primeira vez que ouvi falar de Kalista foi nesta meditação para acessar minha deusa interior
Fiz todo o percurso seguindo as outras mulheres, e na hora do encontro com a deusa, topei com uma mulher magnífica branca, de cabelo claro, ela poderia ser nórdica mas tinha curvas demais no corpo, seios fartos, vestido colado ao corpo, longo, púrpura, com fenda na perna, decote, negra albina talvez? Uma pintura negra sobre os olhos, como uma faixa larga. Algo de triste. Cogitei a possibilidade dela ter sido torturada, cega, mas depois descobri que não, que ela só foi degolada na frente do grande amor dela, e talvez o ar triste fosse porque ele não impediu.
Nessas meditações para encontrar sua deusa interior, em geral as pessoas enxergam divindades que existem, famosas. A minha era linda e desconhecida, mas gostei da ideia de ter uma deusa própria.
Umas semanas depois tive sonhos à noite, e visões durante o dia.
- Os sonhos eram principalmente vozes. Numa das manhãs acordei com uma voz de mulher alarmada gritando uma palavra que não fazia ideia do que era, que tinha uma sonoridade africana. Ela gritou várias vezes, acordei e anotei.
- No dia seguinte, acordei com uma canção:"Essa lua me ilumina, lua menina, lua menina" e às vezes era "Você me ilumina, Lua Menina, Lua Menina..."
- Acordei e gravei a melodia. Eu canto bem desafinado, mas talvez alguma hora eu mostre.
- E uns dois dias depois, teve uma manhã em que acordei angustiada, e não sei por que lembrei do nome que apareceu no sonho.
- Comecei a falar o nome em voz alta, falei várias vezes. Estava deitada na cama de olhos fechados, falando o nome como quem pede.
- E ele veio.
- De repente tive a sensação forte e intensa como se minha Chama Gêmea me abraçasse por trás, cobrindo todo meu corpo. Era ele, mas não era ele, era um homem negro, forte, poderoso, um rei. Ele me abraçou apertado e toda minha angústia passou.
- Nos dias seguintes tive visões.
- Ele como um rei negro, eu como uma escrava branca. Mas não era só uma escrava, era também conselheira, amante, amor. Ele tinha obrigações com o reino, precisava gerar filhos em várias princesas, mas não queria ninguém, ele só queria ficar comigo. Também entendi que a canção eram versos que ele fez pra mim, e que a Lua Menina era eu.
Pra variar, foi uma das vidas em que morri jovem e de forma violenta. Me vi sendo arrastada, ele corre mas não me alcança, eu morro degolada na frente dele.
Tenho uma amiga sensitiva pra quem contei essa história, ela corrigiu alguns detalhes. Me disse que eu não era exatamente uma escrava, mais como uma serviçal. Menina branca criada pelos negros. Não sei dizer se eu era albina e fui deixada pra morrer, se era mestiça e como nasci branca fui abandonada pelos meus pais. Mas ela disse que pessoas me encontraram, cuidaram de mim, e que Kalista era o meu nome, o nome que eles me deram e que significava "enviada pelos céus".
Ela também me falou "sinto muito, mas ela não correu... quando te arrastaram ele chegou a dar dois passos, levantou a mão, mas parou. Ele sabia que não podia fazer nada, que se tentasse impedir seria apenas morto, substituído por outro, e ele acreditava na importância do trabalho dele como rei, para cuidar das pessoas. Então ele teve que aceitar as exigências das famílias poderosas que eram quem realmente mandavam no reino. Aceitou seu assassinato, teve filhos com as princesas, foi um bom rei. Ele lamentou sua morte e sentiu sua falta todos os dias, e quando morreu, foi com um sorriso nos lábios".
Gente.
Essa história é a cara da minha Chama Gêmea. E minha.
Essa minha amiga também teve outra visão de vidas passadas, contou que viu uma vida em que ela tinha uma irmã mais velha que se apaixonou por um rapaz pobre, o pai ficou possesso, a filha dizia que não queria se casar com o homem velho, feio e rico que ele tinha arrumado para ser o marido dela. O pai disse que mostraria pra ela o que aconteceria se ela se recusasse a obedecê-lo, e levou-a para a cidade, naquele dia uma bruxa seria queimada na fogueira.
Adivinha quem era a bruxa que ia arder na fogueira naquele dia? Era eu :)) Uma das minhas vidas em que sou uma bruxa, ou xamã, solitária e independente. Essa amiga disse que já tinha me visto andando sozinha, colhendo flores e ervas. Eu era uma moça bonita, minhas roupas tinham muitos remendos mas estavam sempre limpas. Eu estava sendo acusada de bruxaria porque tinha diversos amantes, e isso só podia ser sinal de pacto com o demônio. O padre queria que eu confessasse minha ligação com o tinhoso, eu chorava e dizia que nunca tinha feito mal a ninguém, que não tinha nada para confessar.
Tentaram me amordaçar, mordi as mãos dos homens. Morri na fogueira gritando que um dia as mulheres não seriam mais vítimas de homens tão maus.
Essa história é a minha cara, e parecida com outras que já ouvi nas minhas sessões com a Silvana, mas essa minha amiga não sabia. Existem vidas passadas e ela podia acessar, ou são histórias que estão no inconsciente coletivo e qualquer pessoa com um pouco de sensibilidade acessa.
É muito interessante porque os detalhes que ela corrigiu da minha visão combinam muito mais com a personalidade da Chama -- que acredita nessa história de auto-anulação, sacrifício em prol de um bem maior.
Nessa vida como Kalista provavelmente eu tentava convencê-lo que a gente não precisava viver como escravos. Eu podia ser uma escrava, mas ele também era um escravo do reino. Que poderíamos fugir e ir viver felizes em algum lugar distante. Ele não me deu ouvidos, e deu no que deu... Na sessão com a Silvana desta semana, meu guia falou de uma vida em que eu fui conselheira, amante, amor de uma autoridade no Egito, falei sobre essa vida em que a Chama era um rei, eu sua conselheira, amante, meu guia falou "sim, teve uma vida em que [nome da Chama] foi um rei e você a conselheira, mas não era como essa do Egito em que você foi respeitada e viveu feliz. O [nome da Chama] não te dava ouvidos, e muitas vezes fazia o oposto do que você aconselhava".
Não é à toa que a primeira vez que vi a Kalista ela tinha aquele ar de tristeza e melancolia. É foda amar homem cabeçudo, e ao mesmo tempo acreditar no arquétipo de princesa sofrida, é claro que eu morri de forma violenta tantas vezes.
Eu tive muitas vidas cinematográficas. Ou eu e a Silvana e minhas amigas somos muito criativas. Mas por algum motivo, no momento a Kalista parece ter uma importância um pouco maior, algo pare resolver talvez, a ponto de ter aparecido como minha deusa interior, depois em várias visões, e ainda ontem na visão da minha amiga bruxa Onça-raposa. Acredito que a mulher branca que ela via, que parecia comigo apesar de ser diferente, talvez fosse a vida como Kalista. São vários pequenos sinais de que pelo menos neste fase, tem algo da Kalista para eu resgatar.
Onça-raposa, uma coisa que pensei depois: se você estava nessa vida em que fui Kalista, talvez seu filho também estivesse, e acho que ele também viu minha morte, e foi mais uma tristeza pra alma dele que hoje tem esse trauma quanto à fragilidade das mulheres.
Heart não devia ser o sobrenome da Kalista, mas assumi como um bom sobrenome para simbolizar uma nova era. Hoje sou Kalista Heart. Mas repare que o Heart é importante, significa que chega de drama. Agora sigo o caminho da mão esquerda, o do coração, o caótico, o da intuição. Agora o homem que não quiser seguir pela Esquerda, que achar que o negócio é seguir a Ordem, as obrigações com o reino, a gente apenas se separa.
Desta vez eu sou e serei espetacularmente feliz :))
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No painel de fotos da abertura, a moça bonita ao meu lado é a Diandra Forrest, neste link: https://br.pinterest.com/pin/472103973443773698/