O enorme tédio da Ordem, e alguns pensamentos sobre o Caos e o Caminho da Mão Esquerda


O Caos é criativo e destrutivo e se opõem à permanência. Mas é o único conceito que faz sentido. Estas palavras não são minhas, mas da minha Chama. Falei que me permiti 7 meses de tortura, mas é porque ele -- quando não está enfiado num buraco na terra se chicoteando -- é uma pessoa fabulosa. Vou mostrar a mensagem dele no fim deste texto. Em geral pergunto pras pessoas se posso publicar, mas como ele não vai responder mesmo e não tem nada que o identifique, colo aqui sem preocupação.

Left Hand Path é um termo com significados diversos, inclusive no sentido tosco de mal e maldades. Mas uma vez que eu estava pesquisando sobre succubus, encontrei este blog

https://thenephilimrising.com/blog/

E fui apresentada de forma superficial aos conceitos de Luciferianismo, que na visão de Jaclyn Cherie não tem nada a ver com demônio, mas sim em assumir plenamente sua centelha divina, sem nenhuma pretensão de humildade. É uma postura de quem não vê um Deus onipotente no trono, e sim "vós sois deuses". Esse é um ponto de vista que combina muito comigo.

Meu curso de xamanismo será uma experiência antropológica. Acho que esse é o tipo de pensamento que pode me salvar de deixar tão evidente na minha face -- são aulas por zoom e o professor pede para mantermos a câmera aberta -- mas sei que transpareço minha irritação com discursos de que discordo ou que sinto que são óbvios demais.

Pra quem tem noção do tarô, posso resumir assim: ele exaltou O Mago e desprezou O Louco. Disse várias vezes, de várias formas, que o certo, o bom, o correto é ser O Mago, com um plano, com diretrizes, com um objetivo, com certezas, e que é ridículo ser O Louco, alguém que permite que um cão morda sua roupa, que vaga sem destino, "O que você é um?", "Sou um buscador", "Você encontra o cara 10 anos depois, ele continua sendo um buscador e não chegou a lugar nenhum. Nós não temos que ser buscadores, nós temos que ser seguidores, é isso que vai fazer você evoluir. Temos um trabalho pra fazer na Terra, missões pra cumprir, mesmo que seja plantar uma árvore, adotar uma criança. E só podemos ser úteis quando temos clareza de quem somos e o que estamos buscando, com metas. E temos que ter humildade, você conhece um cara, ele tem um cartão de visita em que está escrito "Grande Xamã". Uaaaau, que coisa, não? Onde será que ele aprendeu a ser o Grande Xamã, eu também quero saber onde é essa escola. Eu, que tenho 30 anos de vivência não me julgo xamã, sou apenas um estudioso".

Era um discurso desse tipo. E sei que muitos colegas meus estavam a-man-do. No chat do Telegram alguns dizendo o quanto a aula foi incrível.

Eu, meu lado que se identifica com Caos, Left Hand Path, Luciferianismo, Succubus, que me autodeclarei xamã quando meu pai foi diagnosticado com um tumor agressivo porque certeza é poder, fiz rituais de cura e os médicos não entendiam como um tumor agressivo de 10cm podia ter desaparecido em 1 mês e meio de radioterapia, e a rádio não era para eliminar o tumor, só para facilitar a cirurgia -- não fiz sozinha, ele fez cirurgias espirituais do Ramatiz, teve o mérito dele. Mas ao mesmo tempo, tenho certeza do meu mérito no processo. Eu estava bem infeliz com o discurso de humildade, de missão, de trabalho, de ser seguidor, de metas, de objetivos.

Ontem na aula também teve a meditação do animal de poder, e foi bom, rolou, tive visão, resposta. Um insight sobre minha loba e algumas preferências sexuais. Mas vou ter que desenvolver estratégias para sobreviver à parte de pregação. Não eram só as palavras, mas a entonação soava muito como pregação de pastor ou de padre.

Com todo respeito, sei que o cara é incrível, que sabe muito etc. E respeito quem se identifica, quem se encontrou, quem sentiu que aquelas palavras é o que norteiam a vida.

Ele também disse: "Você vai sair do curso sabendo quem você é, qual a sua missão".

Sorri quando ele perguntou "Quem é você? Você sabe, você já se fez essa pergunta?" -- e pensei no texto que eu tinha escrito ontem à tarde, era óbvio que a tarefa de limpar o armário era preparação para isso. "E você sabe qual é a sua missão?".

Eu vi o vídeo da outra turma, as pessoas falando das suas missões. Todas elas com suas belezas, e o que você imagina como missão.

Eu sei qual é a minha missão, foi uma das primeiras coisas que conversei com meu guia na sessão com a Silvana, e depois apareceu na cerimônia com a jurema:

Eu nasci pra ser livre e feliz.

É isso.

Também acontece de eu gostar muito do trabalho como terapeuta, como xamã, mas só estou nessa por gostar, por me dar prazer, e porque também me cura e me ajuda, e em breve vai me dar muito dinheiro. Mas não estou nessa como missão de vida, abnegada, em prol dos pobres coitados que precisam da minha luz.

Um homem com quem eu conversava me disse que já viu gente espiritualizada dizendo que até mesmo a pessoa que trabalhou em uma fábrica de botas para soldados adquiriu karma negativo, por ter contribuído para a guerra. Ou de outros falando que quando você está se masturbando, há vampiros sugando sua energia. E que por essas e outras ele estava decidindo que era melhor ser ateu, porque esse mundo espiritual era cheio de regras, ameaças, karmas, dívidas.

Expliquei pra ele que é assim para quem quer viver assim, e contei como eu vejo as coisas, como a Silvana me explica as coisas.

Acredito de verdade que não existem verdades absolutas, apenas o que você decide aderir. Se pra você faz sentido um mundo cheio de dívidas, karma, cobranças, é assim que será sua vida.

Mas não a minha.

Eu nasci pra ser livre e feliz.

------- Seguem as lindas palavras da minha Chama. Como esse homem escreve bem, melhor do que eu. Que desperdício ter se enfiado num buraco pra se flagelar em vez de viver livre e feliz da forma como ele quisesse, fosse comigo ou com qualquer outra. É só um tremendo desperdício que uma pessoa com tantos recursos esteja vivendo o caminho de quem acredita em karma, dívidas, sofrimento e servidão. Eu ainda acredito que um dia você sai desse caminho, Chama querida. O sofrimento é apenas uma escolha.

Sou obrigado a concordar que sua imprevisibilidade descortina caminhos exóticos. Também vejo o seu aprendizado, que me intriga há algum tempo, face a rapidez. Assim como a água, agora a do mar, você não se intimida em bater na pedra dura e depois acariciá-la, retornando a seu lugar. Me lembra a sua explanação de como cresceram suas asas, as cicatrizes, dores e alegrias advindas. Pular no precipício, alçar voo ou cair.  Achei bastante adequada e bonita a águia, flertando ser um falcão. A questão da redoma, da atração e repulsão ou simplesmente a limitação das asas.

Curioso como meu caminho sempre foi à esquerda, mas este também pode ser um conceito relativo. Talvez me sirva de novo ajuste agora, novo parâmetro. Sem dúvida você está abraçando a Esquerda e o Caos. Eu, agora, me posiciono na Direita e na Ordem. Bem sabemos que é muito distante de bem e mal, certo ou errado. São manifestações complementares que, juntas, impulsionam a um novo patamar.

Sou impelido a traçar regras, algumas que te deixem segura. Infelizmente, minha natureza Ordeira também impõe limitações. Nesse aspecto, toda essa experiência se baseia em uma centelha do seu Caos.

Diria que a Ordem é reativa e tende a inércia, estabilidade e se afasta um pouco da perspectiva usual de yang. O Caos é criativo e destrutivo, se opondo a permanência. Mas, francamente, para mim, atualmente é o conceito que faz mais sentido. Também é desprovido de discriminação e muito dinâmico. O trabalho só se manifesta na polarização.

Nos últimos dias tenho captado muitos detalhes no que você me escreveu, me levando a diversos pensamentos e teorias. Interessante como ações Caóticas podem inspirar questões de Ordem. Posso concluir que, independente de qualquer outra coisa, nosso encontro não foi casual. Aprendemos muito um com o outro. A margem das diferenças, meu respeito pelo seu ousado modo de ser cresce.

Quem sabe o que estou vendo crescer em você?

Obrigado


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