Para quem sente que nada acontece. Um pouco sobre o Caos.
"Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes".
Mais uma das lindas frases atribuídas a Einstein. Pena que não é verdade, mas não deixa de ser boa.
Estou conversando com uma fofura que talvez queira novidades na vida, então aqui vão minhas reflexões.
Não me considero exatamente uma adepta da Magia do Caos, e de fato sei quase nada de bases históricas e oficiais. Mas adotei uma postura que tem semelhanças com seus seguidores, que é a ausência de dogmas, uma busca por liberdade individual, não querer seguir nenhuma regra. O Luciferianismo no sentido do vós sois deuses. Acreditar na imensa potência que EU tenho, que qualquer um pode acessar se assim quiser.
Se nunca ouviu falar, vale a pena dar uma olhada no verbete da Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Magia_do_Caos
Gosto muito das ideias que meu guia espiritual, por meio da Silvana, me falam. Em um momento de mágoa meu pai falou "A Silvana fez sua cabeça, por isso você está fazendo essas loucuras na sua vida". Foi triste ver que ele me enxergava como alguém tão pequena. Ninguém fez minha cabeça. Eu escolhi a Silvana porque as coisas que ela me falava ressoavam dentro de mim.
Quando decidi acreditar que sou xamã, no início estava insegura. O pensamento cartesiano me dizia que eu tinha que fazer cursos, estudar, uma longa formação se um dia eu quisesse trilhar esse caminho. Fico contente de ter encontrado pessoas como a Silvana, o guru do Tantra, que me disseram "não, nada de cursos. Você está pronta, você tem tudo, não precisa de curso algum". Se eu tivesse topado com pessoas que seguem a linha do pensamento racional, humilde, Logosofia, eu nunca teria desenvolvido meus dons com essa rapidez, porque estaria na estrutura de "humildade, dedicação, anos de estudo, tudo a seu tempo, vamos com calma".
Meu guia descreveu o que eu fazia nos rituais de cura em vidas passadas. Na sessão seguinte tinha pensado em alterações, perguntei pra ele se podia, e a resposta foi "você é o maestro, você pode fazer o que você quiser".
Tem outras sessões em que chego com questões, e as respostas são na linha de "por que você acha que tem que escolher entre isso ou aquilo? Você pode ter tudo". É como uma frase que meu ex-marido gostava de usar: "eu prefiro ser rico com saúde do que pobre e doente", uma brincadeira com a frase "eu prefiro ser pobre com saúde do que rico doente". E eu concordo totalmente com a ideia de que não é preciso escolher ou você tem saúde, ou riqueza. Ou você tem inteligência, ou você tem beleza. Tudo isso são ideias ilusórias plantadas em nossas mentes para a gente viver com grilhões nos tornozelos, nos pulsos, para vivermos sempre como uma fração de quem podemos ser.
Você pode ter tudo.
Estou falando disso porque minha primeira sugestão pra você é pensar quais são suas crenças limitantes do que você pode.
Pra ficar claro: não estou falando de coisas do tipo "basta eu desejar, que amanhã ganho na Mega Sena", "basta eu desejar, que na semana que vem emagreci 10kg".
Mas eu acredito de verdade que você pode desejar: eu quero ser rico, vou trabalhar por isso, me manterei atenta às oportunidades que cruzarem meu caminho. Sei que mereço.
Um outro bruxo, o Vishen Lakhiani, fundador da Mindvalley, quando perguntaram pra ele sobre mentalizações para ser rico, ele recomendou não pensar no dinheiro em si, mas sim você usufruindo do dinheiro, mentalizando as várias coisas boas que você pode fazer com o dinheiro.
Você acha que sua vida está um tanto estagnada?
- Reflita sobre quais são suas crenças limitantes. Pensando nesse exemplo que eu dei "para alguém ser xamã, é preciso ter nascido com um dom, estudado durante décadas, e na verdade ninguém pode se denominar xamã, isso é ser muito arrogante" -- esse é o discurso que muita gente acredita e prega.
- Em vez de acreditar no discurso do esforço e da humildade, eu virei xamã de um dia para o outro. Não sabia nada de magia, de rituais. Fui com meu pai a uma consulta no médico. Fiquei horrorizada com o que ele descreveu da cirurgia. Cheguei pro meu guia espiritual e falei "Eu sou bruxa há muitas vidas? Xamã há muitas vidas? Então o que posso fazer pelo meu pai?"
Pensei em outro exemplo. A maioria das pessoas, ainda mais jovens, têm muitas encanações com a aparência. Se enxergam com mil defeitos e assim perdem mil oportunidades.
Não sei o que você pensa de você, se você tem questões com isso. Mas se você não se enxergar como uma moça linda, queria te dizer que você pode se tornar alguém linda, em poucos dias. Sem precisar de academia, dieta, plástica, roupas, acessórios. Você pode, com um estalar de dedos. No momento que virar uma chave dentro de você, e você perceber quanto sofrimento é desnecessário, que há beleza em todas as pessoas.
Na rede social onde você viu meus textos, e aqui no blog, há vários textos sobre amor-próprio.https://kalistaheart.blogspot.com/search/label/amor-pr%C3%B3prio
Alimente seu amor-próprio. E quando você se sentir razoavelmente segura do quanto você é linda, forte, incrível,
saia em busca de aventuras.
Caotize-se.
Faça o que não costuma fazer. Converse com pessoas que você no geral ignoraria, experimente coisas novas, quebre hábitos, leia temas aleatórios, saia da zona de conforto. Faça coisas que no geral você pensa que morreria de vergonha. Se você é desafinada, cante. Se você adora falar, experimente alguns dias de silêncio. Se você só usa roupas sóbrias, experimente usar roupas coloridas, mude o penteado.
Com a pandemia fica mais complicado, mas um dos exercícios do pessoal do Caos para desenvolver a intuição, é sair num sábado para passear e ir agindo da forma mais impulsiva e aleatória possível. Entrar num ônibus sem ver qual é o destino. Descer num ponto sem saber por quê. Entrar numa livraria e ser capaz de comprar um livro sem ter estudado-o minuciosamente. Almoçar num restaurante qualquer, o primeiro que você olhar e sentir "é aqui".
Claro... guardados os cuidados de ser no Brasil, e de você ser jovem e mulher. Se algum dia fizer um exercício desses, infelizmente terá que ser com os cuidados para não ultrapassar limites de segurança. Eu aconselharia de dia, restringir a lugares movimentados, bairros relativamente seguros.
Tem as versões totalmente seguras que são as aventuras na internet. Entrar em grupos de Facebook ou algo assim de assuntos aleatórios, se permitir ir surfando de um tema para outro. Criar um pseudônimo e ousar ser verdadeiramente você.
Eu era casada há 15 anos. Um dia tomei uma decisão caótica: cheguei para o meu marido, depois de 15 anos de uma relação totalmente monogâmica, e perguntei se eu podia ter um caso virtual com o fulano, que até então era só um amigo. A Lei e a Ordem diriam que isso é absurdo, tanto propor, quanto o outro aceitar. Mas eu propus. Meu marido aceitou. E isso foi o início de grandes mudanças nas nossas vidas. Por fim a gente acabou se separando, e ainda que eu o ame muito, não tenho nenhuma dúvida de que foi o certo, de que estamos mais felizes assim, vivendo nossas histórias com muito mais vida e autenticidade e verdade.
O tal cara que considero minha Chama Gêmea era só uma pessoa com quem eu papeava sobre literatura, temas sociais, e que tinha me deixado claro que não estava atrás de relacionamento. Claro, respeito totalmente. Mas eu gostava do jeito dele, e me deu vontade de fazer algo bem caótico, que foi perguntar se ele gostaria de ver minhas fotos sensuais. A Lei e a Ordem diriam "ele já falou que não está atrás de relacionamento, você vai cutucar alguém assim por quê?". Porque deu vontade. Porque minha intuição diz que sim. Então eu perguntei. E se ele fosse seguir a Lei e a Ordem, bastaria me dizer não. Mas ele disse sim, e isso teve tantos desdobramentos.
Quando eu tinha 16 anos chamei na minha casa o garoto por quem eu era apaixonada, grande amigo, eu sabia que ele não gostava de mim, que gostava da fulana, ele até me falava dela. Mas ao mesmo tempo, ele era do tipo galanteador, que gostava de flertar, de elogiar, no fundo eu sempre tinha alguma esperançazinha. Então eu o chamei pra conversar, pra dizer que eu precisava ouvir dele que não tinha nada entre a gente, que eu sabia que ele não gostava de mim, mas que enquanto não ouvisse dele não poderia seguir com a minha vida. Esse evento me desbloqueou e me ajudou de tantas formas. A lutar contra a timidez. A pensar "você chamou o fulano e falou para ele. Se você pode fazer isso, você pode fazer qualquer coisa". E muitas coisas que fiz nos anos seguintes, tenho certeza que tinham raízes nesse dia.
No início do ano eu estava num app de namoro e tenho total consciência de que não pega bem dizer que sou bruxa, medito, consagro ayahuasca. Eu sabia que eu sem texto era mais atraente do que eu com texto. Mas não me interessei pelo razoável ou pelo provável, eu queria seguir a autenticidade. Escrevi o que sou, e uma horas depois encontrei o Caçador. Que talvez tivesse me dado like de qualquer jeito, sei que tenho fotos interessantes, mas o fato é que eu estava há uns dias no app, e só o encontrei no dia que decidi me abrir, me declarar, dizer "esta sou eu".
Dentro dos limites da sua segurança de integridade física, faça pequenos experimentos. Arrisque-se, flerte com o caótico.
Divirta-se.
Quando a gente pensa demais, vive de menos.
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Fonte da imagem de abertura do post: https://palcoteatrocinema.com.br/2019/02/14/a-magia-do-caos-como-dispositivo-para-criacao-artistica/
O quadrinho acima, fui eu que tirei a foto, quando passei uns dias na Mata Atlântica, com direito a fogueira.